Para que serve o feminismo?
Na semana que se passou, um assunto tomou conta dos canais de notícias e das redes sociais, o caso Robinho. O jogador que estava acertando sua contratação com o Santos se deparou com a divulgação na mídia dos trechos da sentença que o condenou a 9 anos de prisão na Itália por violência sexual.
O caso ocorreu em janeiro de 2013, em uma boate italiana, onde uma jovem albanesa foi vítima de violência sexual cometida por 5 homens e Robinho estaria entre eles.
Em sua defesa o jogador afirmou não ter feito nada sem o consentimento da jovem, algo que parece contestável a partir da divulgação de trechos de uma conversa de Robinho com o músico que fazia um show na boate na mesma noite do ocorrido.
A exposição deste caso na mídia brasileira gerou uma série de manifestações repudiando a atitude do jogador e pressionando o clube a não contratá-lo. Os patrocinadores retiram seu apoio como demonstração de insatisfação. Na sexta-feira, dia 16 de outubro o Santos comunicou a suspensão do contrato do atleta.
Em uma entrevista concedida ao portal de notícias Uol, o jogador não só negou as acusações como jogou na conta do movimento feminista os desdobramentos negativos do que seria, em sua opinião, uma “relação comum entre homem e mulher”, afirmando que “infelizmente existe esse movimento feminista aí”.[1]
Para muitas pessoas, o que parece ser também o caso do atleta em questão, o movimento feminista é o movimento do exagero, que policia e questiona os comportamentos tidos socialmente como normais. Ridicularizando homens de “bem”. Para os que pensam assim, importunação, assédio ou violência não passam de atos concedidos. Sim! Porque ela, a vítima, estava querendo, estava bêbada, estava provocando com suas roupas curtas ou o com sua maneira de dançar. Para essas pessoas a vítima é sempre a culpada.
O feminismo, ainda bem que ele existe, denuncia, faz pressão, reivindica e conscientiza pessoas sobre a necessidade urgente de se combater a cultura machista e a cultura do estupro que normaliza atos de violência e de abuso.
Homens de todas as classes sociais ainda encaram as mulheres como objeto, consideram normal se aproveitar delas em situações variadas (festas, boates, transporte público, etc.) sempre com a justificativa de serem provocados, de serem enganados ou de terem sofrido um golpe baixo, afinal ela estava ali se oferecendo e depois afirma que não queria.
Assim, as vítimas são culpabilizadas. Tanto pelos agressores como pela sociedade que imbuída dessa construção social acusam essas mesmas mulheres de não se comportarem de maneira adequada, o que simbolicamente significa “pedir” para ser abusada e/ou violentada. Um quase: “bem feito para elas”!
Considerando esse cenário é que devemos saudar o movimento feminista, que com suas lutas conseguiu lograr avanços no debate sobre a cultura machista. Movimento que segue no processo de conscientização de toda a sociedade sobre os direitos das mulheres, de todas as mulheres. Então, sim! Que bom que existe o movimento feminista!
[1] Entrevista disponível em: www.uol.com.br
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