A exclusão das mulheres do mercado de trabalho: efeito da pandemia?
A exclusão das mulheres do mercado de trabalho: efeito da pandemia?
Estamos há 1 ano vivendo os efeitos da pandemia da Covid-19, uma situação que infelizmente parece estar longe de terminar. Durante todo esse tempo convivemos com muitas perdas. No Brasil a Covid-19 já ceifou milhares de vida. Ao redor do mundo foram cerca de 2,5 milhões de pessoas mortas pela doença. As vacinas são um sopro de esperança apesar das vozes negacionistas tão numerosas nesses tempos sombrios.
Os efeitos da pandemia também podem ser percebidos na retração da economia ao redor do globo. Crise, desemprego e aumento da miséria afetam países e pessoas, sobretudo as mais vulneráveis.
Entre os setores mais impactados economicamente estão o de serviços, o informal e o de cuidados domésticos. O que eles têm em comum? São trabalhos realizados por mulheres, em sua maioria. Um levantamento realizado pela ONU mostra que, durante a pandemia, o trabalho das mulheres corre mais risco do que o dos homens.[1]
As mulheres são a maioria dos trabalhadores informais e as que recebem os menores salários no mercado. Isso demonstra que a situação de vulnerabilidade das mulheres já era uma realidade antes da pandemia. No entanto, em contextos de crises elas são as primeiras a serem mais severamente afetadas. Seja pela perda do emprego ou pela contínua precarização.
No contexto brasileiro, chama atenção particularmente o trabalho doméstico. Dados do IBGE confirmam que a categoria foi a segunda mais afetada com 1,5 milhão de vagas fechadas de setembro a novembro de 2020. [2] A classe reúne 6,2 milhões de pessoas, sendo que 93% são mulheres e, entre elas, 68% são negras.
Enquanto o governo federal lançou um pacote para a retomada do turismo com o objetivo de preservar os empregos no setor que mais perdeu postos de trabalho proporcionalmente, nada foi anunciado para o trabalho doméstico, além do auxílio emergencial, que finalizou em dezembro.
A categoria também não encontra apelo suficiente em Brasília. Na Câmara dos Deputados, o projeto de lei 2477/2020, que determinava a exclusão do trabalho doméstico do rol de atividades essenciais em todo o Brasil durante a pandemia, ainda não foi analisado pelos líderes dos partidos. Segundo dados do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT2/SP), nos oito primeiros meses de 2020 foram registrados 461 processos relacionados à classe onde os assuntos abordados se referem a violações dos direitos.
O panorama descrito acima mostra como a crise aprofundada com a pandemia revela um cenário onde a informalidade, a precarização e a miséria tem face feminina. Ao mesmo tempo serve de alerta para a necessidade de políticas públicas que atendam as milhares de mulheres que experimentam de forma mais severa os efeitos colaterais da pandemia da Covid-19.
[1] Disponível em: www.onumulheres.org.br
[2] Entre as dez atividades econômicas avaliadas, o trabalho doméstico foi a segunda com maior perda (-24,2%) na comparação com o mesmo período de 2019, atrás apenas do setor de alojamento e alimentação (-26,7%).
Fernanda
Publicado em 07:05h, 09 marçoBom dia , com essa pandemia realmente vem crescendo o caso de desempregos, agressões doméstica, famílias em maiores vulnerabilidades. Mais precisamos analisar uma forma unidas de rever esses Temas afim de uma condições juntas .