LGBTQIA+: você sabe o que significa? - Generalizando
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LGBTQIA+: você sabe o que significa?

LGBTQIA+: você sabe o que significa?

Os anos de 1980 foram responsáveis por potencializar questões relacionadas à orientação sexual. De lá para cá, a sociedade avançou, mesmo que timidamente, em algumas questões. O fato é que o mundo deixou de ser interpretado como 100% heterosexual e passou a integrar diferentes identidades  e orientações de gênero. No entanto, o respeito à individualidade  nem sempre é espontâneo ou natural. Por isso é importante conhecer para entender e respeitar a diversidade.

LGBTQIA+, o que esse conjunto de letrinhas significa? Quais as pessoas que ele abarca? O texto desta semana pretende responder a essas questões.

O termo LGBTQIA+ é fruto de um processo histórico de luta por direitos e pela inclusão de pessoas que não se enquadram nos padrões sociais de orientação sexual, identidade e expressão de gênero. Na década de 1990, o termo utilizado era GLS que significava gays, lésbicas e simpatizantes. Com o tempo, a  sigla foi considerada excludente por não abarcar a diversidade. A partir daí, inúmeras mudanças foram ocorrendo no sentido garantir a inclusão e maior visibilidade. Atualmente a sigla utilizada para se referir à comunidade é LGBTQIA+.

As três primeiras letras, a saber: L, G e B, se referem à orientação sexual, ou seja, com quem você se relaciona e se sente atraído. O L se refere as lésbicas, mulheres que se relacionam com outras mulheres (trans ou cis). O G se refere aos gays que se relacionam com outros homens (trans ou cis) e o B aos bissexuais que são indivíduos que se relacionam com mulheres e homens e não estão, necessariamente, presos aos conceitos de binaridade.

A letra T remete à identidade de gênero, abrangendo travestis, transexuais e transgêneros. São pessoas que não se identificam com os padrões de gênero estabelecidos socialmente na hora do nascimento, ou seja, masculino e feminino. Importa sinalizar que gênero é diferente e orientação sexual, desse modo, uma mulher trans pode ser lésbica, da mesma forma que um homem trans pode ser gay.

Outro ponto importante é que apesar das nomenclaturas possuírem significados semelhantes elas têm sentidos diferentes. O termo travesti vem sendo ressignificado pela comunidade, uma vez que carrega historicamente inúmeros preconceitos. Ele se refere a pessoas que vivenciam papéis de gênero feminino. Transexuais são os indivíduos que não se identificam com o sexo biológico e por isso podem desejar trocar de nome, fazer tratamentos hormonais e cirurgia para adequação de gênero. Transgênero é uma expressão que sinaliza um conflito de identidade de gênero. Durante muito tempo, transgênero foi compreendido como um termo “guarda-chuva” para designar pessoas que assumem um gênero que não é correspondente com o sexo biológico. No entanto, algumas vertentes têm problematizado esse entendimento, considerando que não daria conta de abarcar toda a diversidade.

A letra Q significa queer e foi, durante muito tempo, utilizado como forma de ofensa à população LGBTQIA+, porém da mesma forma que ocorreu com o termo travesti, vem sendo ressignificado pela comunidade. Hoje é utilizado para se referir a todas as pessoas que, continuamente, questionam os padrões da heteronormatividade e a cisgeneridade.

Os intersexuais são representados pela letra I que descreve  pessoas que nasceram com um padrão de cromossomo diferente do masculino e feminino. O termo substituiu também a expressão “hermafrodita”,  utilizada em outros tempos de forma discriminatória para designar pessoas que nasceram com órgãos reprodutores masculinos e femininos.

A letra A se refere aos indivíduos assexuais, que não sentem atração, seja totalmente ou parcialmente, por outras pessoas. No entanto, não significa que pessoas assexuais não tenham relacionamentos.

O sinal +,  aponta para outras inclusões de identidade e orientação de gênero, como os pansexuais, indivíduos que se relacionam com pessoas independente da orientação sexual, identidade ou expressão de gênero.

Além de conhecer a diversidade conceitual é importante saber que a sigla está em constante mudança, com o objetivo de incluir e dar visibilidade. A comunidade LGBTQIA+ vem lutando para ampliar as visões de sexualidade e gênero, questionando padrões e normas estabelecidos pela sociedade e buscando construir uma realidade social mais justa e inclusiva. Desse modo, caminhamos na direção de um mundo de respeito à diversidade e sem preconceito.

Marusa Silva

Marusa Silva

Doutora em Sociologia Política, pesquisadora e autora de livros e artigos sobre desigualdade de gênero e integrante do Atelier de estudos de gênero da Universidade Estadual do Norte Fluminense – RJ

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