Visibilidade Trans: importante conhecer para entender
No dia 29 de janeiro comemora-se o dia nacional da visibilidade trans. Foi em 29 de janeiro de 2004 que, pela primeira vez na história do Brasil, travestis e transexuais estiveram no Congresso Nacional para falar sobre as dificuldades vivenciadas por essa população.
Mas, afinal o que significa ser transexual? Para entender precisamos falar sobre identidade de gênero, orientação sexual e sexo biológico. A identidade de gênero é como o indivíduo se percebe: homem, mulher ou não binário (aquele que não se vê unicamente como homem ou mulher). Quanto à orientação sexual o enfoque é, por quem o indivíduo sente atração (gays, lésbicas, bissexuais e heterossexuais). O sexo biológico se refere a nossa biologia: cromossomos, hormônios e órgãos sexuais (nesse caso existem os intersexuais, que possuem características biológicas dos dois sexos). A pessoa transexual é aquela que não se identifica com o gênero relacionado ao seu sexo biológico.
O dia 29 de janeiro marca a luta dessa comunidade por direitos, reconhecimento e respeito. Conquistas importantes como a transexualidade ter deixado de ser classificada como doença mental pela Organização Internacional da Saúde, no ano de 2019, é um importante passo que deve ser comemorado. A nova classificação tira a transexualidade do rol de doenças mentais e a coloca como “condições relacionadas à saúde sexual” e, é classificada como “incongruência de gênero”. O termo (que ainda gera polêmica) se refere a indivíduos que não se identificam com o gênero biológico.
Esse avanço significa que transexuais podem ser reconhecidos como pessoas que precisarão de cuidados médicos, especialmente durante o processo de transição de gênero (que envolve cirurgia e tratamentos hormonais) e não mais como pessoas que precisam de tratamento psiquiátrico. Apesar de ser um avanço considerável pois, essa medida é um importante passo para o enfrentamento da transfobia estrutural, a atenção à saúde das pessoas trans ainda está aquém da demanda.
Outro ponto importante passo para o fortalecimento dessa luta é o triste fato do Brasil ocupar o primeiro lugar no ranking de assassinato de pessoas trans. Nosso país é o lugar mais perigoso do mundo para um transexual viver. A Associação Nacional de Travesti e Transexuais divulgou um dossiê em 2019, sobre os números de assassinato que acometeram essa parcela invisível da sociedade.
Foram pelo menos 124 casos, cada um deles minuciosamente confirmado. Do total de casos, só 11 tiveram suspeitos identificados pela polícia. A maioria das vítimas era negra (82%), do gênero feminino (97%), estava no Nordeste (37%) e tinha entre 15 e 29 anos: 59,2%, sendo que três delas tinham só 15 anos; duas foram apedrejadas até a morte e a outra, espancada e enforcada.[1]
Esse triste e preocupante cenário se dá por sermos uma sociedade conservadora e preconceituosa e demonstra que é preciso caminhar muito para alcançarmos uma realidade mais igualitária e humana. Compreender que não é o sexo biológico que define o que é ser mulher ou homem é um passo importante para acabar com o preconceito e com a violência.
[1] Disponível em: http.: www.g1.com.br. Acessado em 29/01/2020.
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