Pornografia de revanche: você sabe o que é? - Generalizando
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Pornografia de revanche: você sabe o que é?

Pornografia de revanche: você sabe o que é?

A pornografia de revanche acontece quando um conteúdo sexualmente explícito é compartilhado publicamente, sem o consentimento do parceiro e por uma pessoa de sua intimidade e confiança. Esse tipo está prescrito pelo teor criminoso, vem no bojo da Lei Carolina Dieckmann e tem como objetivo coibir o patriarcado, a misoginia e o machismo que mostram seus efeitos, dentre tantas formas, expondo mulheres, seus corpos e repertórios de intimidade.

A maioria dos casos de pornografia de revanche têm as mulheres como vítimas. Geralmente diz respeito à vingança do parceiro, que acredita que ao dar publicidade a um momento de intimidade,  irá desmoralizar a parceira. O que, infelizmente acontece.

As vítimas desse ato criminoso são amplamente julgadas pela sociedade, passando a enfrentar situações dolorosas e humilhantes nos círculos familiares, de amigos e até mesmo no trabalho. Apesar dos recursos disponíveis para aquelas que passam por essa situação, ainda são incipientes as medidas de suporte emocional para esses casos.

Agora vamos pensar, por que as mulheres são as maiores vítimas desse tipo de agressão sexual? Não vemos vazamentos de vídeos onde homens aparecem satisfazendo sexualmente suas parceiras. Bom, no imaginário machista a mulher é considerada um “outro”, alguém que resume sua vida em atender as necessidades e não de satisfazer as suas.

Nesses casos, o sexo se torna um espaço de poder, no qual o homem e aqui independente da cor, classe, raça, escolaridade, busca obter vantagem psiquica sobre a vítima, um exemplo de dominação masculina. Independente do seu lugar na pirâmide social, muitos homens deliram sobre o lugar de proprietário das mulheres.

Recentemente circulou nas redes um vídeo expondo a intimidade de Natália, participante do BBB 22. O fato causou mobilização nas redes sociais e o suspeito pelo vazamento já foi identificado pela polícia. Infelizmente, todos os dias, meninas e mulheres vivem esse tipo de violência. Uma violência que não se encerra com o vazamento de um vídeo, pelo contrário, se inicia um calvário de julgamento, humilhação, vergonha e sofrimento.

Vivenciar livremente a sexualidade é um direito de TODAS as pessoas. Não podemos naturalizar um tipo de prática onde mulheres são jogadas na “fogueira” a despeito de sua liberdade sexual.

Marusa Silva

Marusa Silva

Doutora em Sociologia Política, pesquisadora e autora de livros e artigos sobre desigualdade de gênero e integrante do Atelier de estudos de gênero da Universidade Estadual do Norte Fluminense – RJ

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